“Economia do Brasil mantém juros altos, diz Galípolo na Câmara”

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Aniversário de 60 anos do BC, economista destaca necessidade de juros elevados no Brasil para alcançar efeitos semelhantes a outros países”

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, fez um alerta contundente sobre a eficácia questionável da elevação das taxas de juros na economia brasileira, durante a sessão solene realizada na Câmara dos Deputados, em comemoração aos 60 anos da instituição. Galípolo enfatizou que, apesar das taxas de juros mais altas, que são uma das principais ferramentas utilizadas pelo Banco Central para controlar a inflação e estabilizar a economia, os efeitos observados no Brasil têm sido limitados e não tão eficazes quanto em outras economias. Segundo ele, o cenário brasileiro apresenta características próprias e desafios específicos que dificultam a obtenção dos mesmos resultados que são observados em países com contextos econômicos diferentes. Ele apontou que o país enfrenta uma série de fatores internos, como a estrutura do mercado de crédito e a dinâmica do consumo, que influenciam diretamente a forma como a política monetária se reflete na economia real.

O evento comemorativo pelos 60 anos do Banco Central foi uma grande ocasião para refletir sobre o papel da autoridade monetária na economia do país e os desafios enfrentados ao longo das últimas seis décadas. A cerimônia reuniu diversas autoridades e figuras proeminentes da economia, incluindo o presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Isaac Sidney, e os ex-presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles e Alexandre Tombini. Cada um dos presentes trouxe uma perspectiva única sobre a história e os desafios da política monetária no Brasil. Durante a sessão, foram abordadas questões centrais como o controle da inflação, a estabilidade financeira e o impacto das taxas de juros na economia, com ênfase nas complexidades atuais enfrentadas pelo Banco Central em um cenário global volátil.

Em sua fala, Galípolo destacou ainda um ponto crucial da gestão da política monetária: a comunicação. “O desejo de ter o melhor dos dois mundos é compreensível. Todos gostariam de obter benefícios de ambos os lados. No entanto, é responsabilidade do Banco Central aprimorar o diálogo e esclarecer melhor essas questões para a sociedade. A comunicação eficaz é um dos maiores desafios da autoridade monetária”, afirmou o presidente. Ele ressaltou que, enquanto a política monetária busca equilibrar inflação e crescimento econômico, é fundamental que a população entenda as razões por trás das decisões e os efeitos dessas ações, para que possam perceber de maneira mais clara o que está em jogo no processo de ajuste da economia. Segundo Galípolo, a transparência e a capacidade de explicar as ações do Banco Central são essenciais para a confiança pública, que é um dos pilares para o sucesso da política monetária no Brasil.

Ao longo das discussões, ficou claro que o Banco Central tem enfrentado um cenário complexo, onde as taxas de juros elevadas, apesar de essenciais para controlar a inflação, também impõem desafios consideráveis ao crescimento econômico e à recuperação de setores essenciais da economia, como o consumo e os investimentos. Além disso, o presidente Galípolo abordou as dificuldades da autoridade monetária em equilibrar a pressão interna e externa sobre a política monetária, especialmente em um momento de incertezas globais e instabilidade econômica.

A importância de se adaptar a esses novos tempos foi uma constante nas falas dos participantes, destacando que, apesar dos desafios, a instituição tem sido crucial para garantir a estabilidade econômica do Brasil, navegando com habilidade em um cenário repleto de turbulências econômicas. O evento marcou não apenas o aniversário de 60 anos do Banco Central, mas também a reflexão sobre o caminho que a instituição deve seguir para os próximos anos, em um Brasil cada vez mais integrado ao cenário econômico global, mas com as particularidades que exigem soluções locais

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