João Neto, preso em flagrante por agredir a namorada em Maceió, foi desligado do curso de formação de soldados da Polícia Militar da Bahia após ser denunciado por violência e por irregularidades durante uma avaliação.
De acordo com a corporação, além da acusação de agressão, o então aluno foi flagrado utilizando “meios irregulares” para responder a uma prova, o que contribuiu para sua exclusão do curso.
reprodução da intenet
Apesar de se apresentar nas redes sociais como ex-policial militar, João Neto não chegou a atuar como soldado nas ruas. A Polícia Militar da Bahia esclareceu que o desligamento ocorreu há cerca de 15 anos, ainda durante o processo de formação, o que impede que ele seja considerado um agente formado.
“De acordo com ele, caso o influenciador não tenha se beneficiado da antiga função ou falsificado documentos de identificação da Polícia Militar, não há configuração de crime.”
OAB apura conduta de advogado João Neto após vídeos de agressão; caso pode levar à perda do registro profissional
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) instaurou um procedimento disciplinar para apurar a conduta do advogado e influenciador digital João Neto, de 47 anos, após a divulgação de vídeos que mostram agressões físicas contra sua companheira. As imagens, registradas no apartamento onde o casal vivia, em Maceió (AL), provocaram forte repercussão nacional e levaram à prisão preventiva do advogado, que nega as acusações.
A seccional da OAB em Alagoas, responsável inicialmente pela investigação, recebeu o apoio da OAB da Bahia — estado onde João Neto desenvolveu parte de sua trajetória acadêmica e profissional. Em nota conjunta, ambas as seccionais afirmaram estar comprometidas com o rigor na apuração do caso e informaram que, caso as denúncias sejam confirmadas, o advogado poderá ser punido com a suspensão ou até a exclusão dos quadros da Ordem.
“A OAB manifesta o mais veemente repúdio a qualquer forma de violência contra a mulher e reforça seu compromisso com a defesa dos direitos humanos e da dignidade da pessoa humana”, diz trecho da nota oficial.
Vídeos e depoimentos agravam situação
Os vídeos que circulam nas redes sociais mostram momentos de agressão dentro de casa, com João Neto aparentemente desferindo tapas e empurrões na companheira. A vítima relatou à polícia que as agressões vinham ocorrendo com frequência e que, no episódio mais recente, o motivo foi uma reclamação do advogado ao vê-la descansando — segundo ele, ela “não estava fazendo nada”.
Dias antes de ser preso, João Neto participou de uma entrevista na qual minimizou a gravidade da violência contra a mulher. Na ocasião, ele chegou a afirmar que poderia haver “motivos para um homem bater em uma mulher”, o que gerou revolta pública e mobilização nas redes.
Histórico profissional e questionamentos
João Neto ganhou notoriedade nas redes sociais como influenciador na área do Direito Penal, onde acumulava milhares de seguidores. Em seus perfis, publicava vídeos com dicas jurídicas, análises de casos criminais e críticas ao sistema judiciário.
No entanto, parte do público também passou a questionar a imagem construída por ele nas redes sociais, especialmente após a revelação de que ele foi desligado do curso de formação de soldados da Polícia Militar da Bahia há cerca de 15 anos. Segundo a corporação, o desligamento ocorreu após uma denúncia de agressão e pela tentativa de burlar uma avaliação interna — o que comprometeu sua permanência na instituição.
Apesar disso, João Neto se apresentava em suas redes como ex-policial militar, o que levantou suspeitas sobre possível uso indevido de título profissional. Juristas consultados afirmam que, caso ele não tenha se beneficiado diretamente da falsa vinculação nem falsificado documentos da PM, não há crime previsto. Ainda assim, o comportamento pode configurar infração ética perante a OAB.
Processo criminal e desdobramentos
João Neto está detido preventivamente em Alagoas, enquanto o processo criminal segue em andamento. A polícia civil colhe depoimentos e analisa provas, incluindo os vídeos e testemunhos da vítima.
A OAB acompanha o caso e pode deliberar sobre sanções éticas e disciplinares paralelamente ao processo judicial. O caso reacende debates sobre a responsabilidade de profissionais do Direito que atuam como influenciadores e sobre o uso das redes sociais para autopromoção à margem da ética profissional.
OAB-BA acompanha caso de João Neto em articulação com OAB de Alagoas e reforça repúdio à violência contra mulheres
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia (OAB-BA) informou que, embora não comente procedimentos disciplinares em curso devido ao sigilo legal que os envolve, já estabeleceu contato institucional com a OAB de Alagoas e com o respectivo Tribunal de Ética e Disciplina (TED) para obter informações formais sobre os fatos amplamente divulgados e ocorridos na última segunda-feira.
A partir desse diálogo, o TED da OAB-BA buscará atuar de forma coordenada com o TED da OAB-AL, a fim de garantir uma apuração rigorosa do caso. O processo será conduzido com absoluto respeito ao devido processo legal, à ampla defesa e ao contraditório, conforme prevê a Constituição Federal.
A OAB-BA e seu Tribunal de Ética reafirmam o mais veemente repúdio a toda e qualquer forma de violência contra a mulher. Ressaltam ainda que, quando condutas dessa natureza são atribuídas a advogados ou advogadas, podem resultar na apuração de inidoneidade moral. Se confirmadas, tais práticas podem levar à exclusão definitiva do profissional dos quadros da Ordem, conforme estabelece a Súmula 09/2019/COP do Conselho Federal da OAB.
Por fim, a OAB-BA e seu TED reforçam o compromisso inegociável com a ética, com a dignidade da advocacia e com os direitos fundamentais da pessoa humana. A instituição destaca que a ética é um valor central que fortalece a advocacia e se constitui em instrumento essencial para a proteção da sociedade e para o prestígio da classe.
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