Do sucesso à morte prematura: a história de Michael Clarke Duncan”

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“Astro de ‘À Espera de um Milagre’, Duncan encantou o mundo com sua atuação sensível — mas partiu de forma inesperada, deixando perguntas sem resposta.”

À Espera de um Milagre (1999)
Embora Michael Clarke Duncan tenha participado de diversas produções ao longo de sua carreira, foi em À Espera de um Milagre (The Green Mile, no original) que ele eternizou seu nome no imaginário popular. No filme dirigido por Frank Darabont e baseado na obra homônima de Stephen King, Duncan interpretou John Coffey, um homem negro injustamente condenado à morte por um crime brutal — o assassinato de duas meninas brancas — nos Estados Unidos dos anos 1930.

Gigante em estatura física, mas dono de uma doçura desarmante, Coffey logo revela ser muito mais do que aparenta: um homem sensível, ingênuo e dotado de poderes sobrenaturais de cura. A dualidade entre sua aparência imponente e sua alma gentil comoveu milhões de espectadores ao redor do mundo. Duncan foi indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante por sua atuação — um feito notável, especialmente para alguém que, até pouco tempo antes, fazia figuração e trabalhava como segurança em sets de filmagens em Hollywood.

A sensibilidade com que interpretou Coffey não veio apenas da técnica, mas também de sua própria história de vida. Michael nasceu em Chicago, em 1957, e foi criado pela mãe em meio a dificuldades financeiras. Trabalhou como operário, segurança e, por um tempo, como guarda-costas de celebridades como Will Smith e The Notorious B.I.G. Sua entrada no cinema se deu tardiamente, aos 30 e poucos anos, quando finalmente começou a conquistar papéis de destaque — muitos deles explorando seu físico avantajado, mas poucos permitindo a ele mostrar toda a sua profundidade emocional como À Espera de um Milagre fez.

Apesar do sucesso que o filme lhe proporcionou, Duncan nunca mais alcançaria um papel de tamanha projeção. Atuou em filmes como Armageddon, Planeta dos Macacos (2001), Demolidor e em algumas animações, emprestando sua voz poderosa a personagens marcantes. Ainda assim, John Coffey permaneceu como o ápice de sua carreira e o personagem que definiu sua imagem pública.

Michael Clarke Duncan morreu em 3 de setembro de 2012, aos 54 anos, após complicações de um infarto sofrido dois meses antes. Sua morte repentina causou comoção em Hollywood e entre os fãs. Embora oficialmente atribuída a problemas cardíacos, sua partida foi cercada por algumas polêmicas e especulações — incluindo alegações de que teria sido mal assistido durante sua recuperação, o que levantou dúvidas sobre as circunstâncias do tratamento que recebeu.

Mesmo após sua morte, Michael Clarke Duncan permanece vivo na memória do público. Seu papel como John Coffey — o gigante de mãos milagrosas, que carregava a dor do mundo e chorava pelos pecados dos outros — é relembrado como um dos mais comoventes do cinema moderno. Uma atuação que transcendeu o tempo, marcada por humanidade, força e vulnerabilidade.

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