Autor de feminicídio afirma ter agido por impulso e cita fé religiosa
O policial militar envolvido no assassinato da própria esposa, ocorrido no último domingo (25), alegou em depoimento preliminar que cometeu o crime em um momento de descontrole emocional. Segundo ele, sua atitude foi resultado de uma “explosão de raiva”, e afirmou ser uma pessoa de fé, declarando-se cristão. Militar afirmou ter agido de cabeça quente após o crime; ele foi preso e prestou depoimento à Polícia Civil nesta segunda-feira (26).
Vídeo revela parte do depoimento de soldado preso por feminicídio em Cuiabá; PM alega estar abalado, mas se cala sobre motivação
Na manhã desta segunda-feira (26), um vídeo divulgado por autoridades revelou trechos do depoimento prestado por Ricker Maximiano de Morais, de 35 anos, soldado da Polícia Militar de Mato Grosso, acusado de assassinar a própria esposa, Gabrielle Daniel de Morais, de 31 anos, com disparos de arma de fogo na residência do casal, localizada no bairro Praeirinho, em Cuiabá. O crime ocorreu na tarde do último domingo (25) e gerou comoção e indignação.
No registro audiovisual, o militar aparece com semblante abatido, confirmando que trabalha como policial há mais de 10 anos e que atualmente possui uma remuneração mensal superior a R$ 8 mil. Apesar de responder a perguntas iniciais sobre sua rotina, função e histórico profissional, Ricker optou por se manter em silêncio quando questionado sobre os motivos que o levaram a cometer o crime brutal.
Segundo os investigadores, o acusado já havia demonstrado comportamento agressivo em outras ocasiões. Em 2023, ele foi alvo de denúncias por matar a tiros um cachorro da raça pitbull no bairro Shangri-lá, também em Cuiabá, alegando ter agido para proteger sua filha. Na época, chegou a ser denunciado por ameaçar o tutor do animal, o que acendeu alertas sobre seu perfil.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, Ricker fugiu do local do crime levando a filha do casal, mas foi localizado e detido posteriormente, após ação conjunta entre as forças de segurança. Durante o interrogatório, ele se limitou a declarar que estava com a “cabeça quente” e
que “tudo aconteceu muito rápido”, sem oferecer detalhes consistentes sobre a motivação real do crime.
A Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher segue à frente da investigação e já apontou falhas na preservação da cena do crime, denunciando que houve interferência indevida de membros da Polícia Militar, o que pode ter comprometido parte das provas materiais. A arma usada no assassinato, por exemplo, foi retirada antes da chegada da equipe da Polícia Civil, dificultando a perícia técnica.
Ricker foi encaminhado para audiência de custódia e permanece sob custódia das autoridades. Ele responderá por feminicídio, crime hediondo cuja pena pode ultrapassar os 30 anos de prisão. Gabrielle, que era mãe e trabalhava como profissional da área da saúde, foi sepultada sob forte comoção popular.
O caso acende novamente o debate sobre violência doméstica e o papel das corporações militares no acompanhamento psicológico de seus membros. Organizações de defesa dos direitos das mulheres cobram medidas mais firmes e efetivas de prevenção a novos episódios de feminicídio envolvendo agentes públicos armados.
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